quarta-feira, 18 de abril de 2012

O comunismo russo e o Concilio Vaticano II 50 anos volvidos

Podemos aprender muito com a História! Se tivermos boa vontade.
Há cinquenta anos, na ex URSS, espalhavam-se as mentiras da propaganda comunista que aqui transcrevo.
Cinquenta anos volvidos o comunismo russo soçobrou e deixou o Povo Russo mais pobre, mais inseguro e à mercê de caciques despóticos como Vladimir Vladimirovich Putin!...






Estas são as mentiras que se propagandeavam então:

Vaticano II: Reações da imprensa russa

Em julho de 1962 apareceu na revista «Nauka i religia» (Ciência e Religião) - publicada em Moscovo - um artigo de E. Pirogov relativo à convocação do II Concílio do Vaticano. Naquele número da revista mensal “antirreligiosa” e que “tinha por objetivo atacar a religião e educar o povo russo, sobretudo a juventude, no ateísmo”, o autor dizia que o Concílio pretendia a “mobilização de todas as forças clericais do mundo para fortalecerem a NATO e ajudarem a derrubar o comunismo”.

Intitulado ‘Em vésperas do Concílio Ecuménico’, o artigo de E. Pirogov acentuava também que uma “parte da Cúria Romana estava de acordo com esta política de apoio à NATO. Outra parte começou por ser contrária à convocação do Concílio que considerava inoportuna no momento atual, acabou por vencer a primeira, à frente da qual se encontrava o Papa” (Podgaetsky-Belina, N. «O Concílio Ecuménico na ótica do Kremlin», In: Brotéria, Lisboa 1963, nº 1).

Segundo o autor do artigo na «Nauka i Religia», a Igreja “perdeu já muito da sua influência, sobretudo junto dos operários, dos camponeses e dos intelectuais. As populações das antigas colónias furtam-se, igualmente, à influência do clero”.

Para E. Pirogov, esta perda de influência pode-se atribuir, por um lado, “à bancarrota da política imperialista do clero católico”, e por outro, “à influência sempre crescente das ideias comunistas e materialistas dos países socialistas sobre as populações”.

Quando faltavam alguns meses para a realização desta assembleia magna, o articulista avançava mesmo que “o problema mais importante a tratar no Concílio será certamente a atitude do Vaticano perante o comunismo” e que Monsenhor Castellano, dirigente da Acção Católica, tinha declarado que o comunismo era a “maior heresia de todos os tempos e seria anatemizado” (artigo citado).

No que se refere à possível atuação do Concílio, relativamente à paz, o autor sublinha que “não se sabe ainda se o problema da conservação da paz será discutido”, mas deixa uma linha orientadora: “É possível, no entanto, que o assunto se discuta, uma vez que o Papa propôs, em algumas alocuções, que se não utilizassem armas nucleares para a solução das questões em litígio”.

Depois de algum tempo de silêncio, a imprensa soviética voltou a ocupar-se, novamente, do Concílio. No jornal «Pravda» de 26 de outubro do mesmo ano aparece uma pequena nota intitulada «Salvar a Paz! – Um apelo do Papa João XXIII». A notícia – veiculada pela agência de notícias russa (TASS) – refere que o Papa dirigiu um apelo pela rádio a “todos os homens de boa vontade” a favor da paz.

Pelos respigos da imprensa soviética nota-se que era “poucas e deformadas notícias que ao povo russo” chegaram acerca do Concílio. (Podgaetsky-Belina, N. «O Concílio Ecuménico na ótica do Kremlin», In: Brotéria, Lisboa 1963, nº 1).

LFS

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O pensamento mais feliz da minha vida!


Uma vez li, num livro qualquer -- já não me lembro onde --, que o A. Einstein teve um dia "pensamento mais feliz da sua vida" que era algo que tinha a ver com o Princípio de Equivalência cujo conteúdo serviu para encher Teses (uma das quais é minha!...) e, que apesar de ser algo de inegavelmente importante, sempre me pareceu paupérrimo para pensamento mais feliz da vida de alguém!

Se vamos tem um Pensamento Mais Feliz de toda a vida, deve ser algo que tenha consequências para toda a vida, algo que nos defina como pessoa, (certamente o que define o Einstein não é o Princípio de Equivalência, talvez o pacifismo a imaginação mas não o anterior...) deve ser um verdadeiro achado, não uma excogitação teórica que volto a afirmar que é importante mas não FUNDAMENTAL.

Paois bem! Eu proponho um pensamento da vida de alguém, algo que me parece um verdadeiro achado:

Houve um homem -- Jesus Cristo -- que voluntariamente se entregou a suplicios indiziveis por causa de mim como ser humano como pessoa!
Isto em si já é espantoso.Mas o que é ainda mais assombroso é que se seguirmos o fio condutor desse sacrifício -- o como quando e porquê --, chegamos ao conhecimento de que esse homem ou melhor Esse Homem, é Deus!!!
Ou seja, Deus, por mim pessoalmente, fez-se homem e morreu na situação mais ignomíniosa que há!!!
Isto sim parece-me um pensamento digno de uma vida inteira...

Transcrevo um texto de alguém que sendo muito mais letrado e conhecedor disto do que eu o transmite perfeitamente.



A verdade é Cristo e a vida em Cristo!

Disse-lhe Pilatos: ‘Então, tu és rei?’ Jesus respondeu-lhe: ‘É como dizes: sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz.’ Disse-lhe Pilatos: ‘Que é a verdade?’”

- Amados irmãos, que nos traz aqui? Perdoai-me a franqueza e quase a rudeza duma pergunta assim, que antes de mais faço a mim próprio.

Sexta-Feira Santa de2012: tantos séculos volvidos sobre o acontecimento evocado, distância tão grande de lugar e cultura… E aqui mesmo estamos, nesta suspensão das coisas, nesta escuta atenta de diálogos havidos e nunca por demais escutados. Para nos entendermos afinal a nós mesmos, no que devemos ser.

Sexta-Feira Santa de2012: quanta perplexidade, quanta interrogação do tempo que corre, nosso e dos outros – que também é nosso. – Como garantiremos a verdade de todos, seres humanos com direitos e deveres, dignidades reconhecidas e dignificações a promover, realmente promover?

Nesta mesma hora em que aqui revivemos a Paixão de Jesus, continua ela em todo o sofrimento do mundo. Nos que estão sós, nos que estão doentes, nos que não têm trabalho que os realize e sustente, nos que emigram sem condições nem garantias… Nas famílias desfeitas e nas que nem conseguem constituir-se, por falta de formação ou apoios de vária ordem… Rol infindável de situações e casos, todos pesando no madeiro da cruz que o Filho de Deus carregou um dia, cruz do mundo inteiro e do tempo todo.

Mas ainda antes de a ter aos ombros, tinha-a em si mesmo, Verbo incarnado que era. Carne e sangue do mundo na humanidade de Deus, assim mesmo apresentada e assim mesmo salva. Também assim apresentada aos olhos esquivos de Pilatos, como agora aos nossos, que bem atentos hão de estar.

E num diálogo decisivo, de que não poderemos desistir com a displicência do governador romano. Jesus não fugiu à pergunta sobre a sua realeza. Foi Pilatos que fugiu à resposta de Jesus, com fraca evasiva. Retomemos a passagem, tal qual a ouvimos: “Disse-lhe Pilatos: ‘Então, tu és rei?’ Jesus respondeu-lhe: ‘É como dizes: sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz.’Disse-lhe Pilatos: ‘Que é a verdade?’”.

Ao ocasional representante dos reinos deste mundo, Jesus abriu o horizonte dum reino mais alto, onde a própria realidade inteiramente o fosse. Amados irmãos e irmãs, deixai-me adiantar que disto precisamente se trata e de nada menos que isto: de reconhecer a verdadeira dimensão humana, como a partir de Deus se configura; e de Deus humanado, como Jesus diante de Pilatos e de todos nós agora.

Reparemos então no problema que temos. Consiste ele na redução constante que fazemos da realidade, própria e alheia. Reduzimo-la ao imediatamente desejável ou compensatório, aos outros que diretamente nos caibam ou sirvam, àquilo que individualmente projetamos e apetecemos… E tanto assim é, falando em geral, que ao mais acidental percalço, ou grave obstáculo, tudo se pode pôr em causa – mesmo a um “Deus” que a partir de nós e só de nós forjávamos.

E também no que restringíramos dos outros, do mundo e da própria vida: os outros desconsiderados na sua alteridade, o mundo consumisticamente tomado e a vida nem respeitada nem agradecida, mesmo nas vicissitudes que comporte. Tudo isto ou quase nada, deixa-nos dramaticamente de fora da realidade e alienados dela, do seu fundamento, consistência e sentido.

Por outro lado, verdadeiro agora, nada esteve ausente da vida de Cristo: família e exílio, festas e trabalhos, inteligência aguda e sensibilidade magnífica, convivência calorosa e grandes silêncios, coração em Deus e olhos bem na terra. Da parte de outros, também nada faltou: das aclamações aos abandonos, das promessas às traições, das multidões variáveis ao pequeníssimo grupo que lhe restou ao pé da cruz.

Creio, irmãos caríssimos, que o maior argumento – se de algum precisássemos – que nos responderia à pergunta inicial, sobre o porquê de estarmos hoje aqui, consiste nisto mesmo de não podermos concentrar-nos, mental e devocionalmente, senão em torno de Cristo, que em si mesmo concentra todo o Céu, como se dá, e toda aterra, como anseia.

Por isso nos iluminam e atraem tanto as palavras ouvidas e nunca por demais evocadas. Sim, a verdade de Cristo é a realidade do mundo, a nossa realidade que só nele encontra significado cabal e redenção inteira, satisfeita esta pelo grande preço com que Ele a viveu, sofreu e retribuiu ao Pai, unindo a foz à fonte. Como dito fora: “Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que crê nele não se perca, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).

Por isso e só por isso, somos definitivamente de Cristo, como Cristo é de Deus Pai, na unidade do Espírito. –Quanto realismo encontram, especialmente agora, alguns versículos evangélicos, como os que se seguem: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. […] Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-me, assim como Pai me conhece e eu conheço o Pai; e ofereço a minha vida pelas ovelhas”(Jo 10, 10 ss)! Espantam-nos e ganham-nos tais palavras, que, recolhidas nas primeiras gerações cristãs, nos salvam agora, com a luz que trazem. A luz que esplende da cruz, intensamente ela.

E há verdadeiro milagre em palavras destas, ou nos sentimentos que elas nos induzem. Por certo nos espanta o realismo e a sedução com que nos tocam sempre, ainda que ouvidas já vezes sem conta, mas sempre primeiras. Falar assim é falar verdade, inquestionavelmente verdade, com toda a comprovação que a inteligência lhe encontra na alma. Como aos cristãos perseguidos pelo Império, que representaram Cristo como o “bom pastor” nos muros das catacumbas; como aos ministros do Evangelho que, entre tantos nomes, se revelaram precisamente como “pastores” e sacramentos de Cristo Pastor; como a quantos encontram alívio e paz, repetindo incansavelmente os sagrados versículos que em Cristo alcançaram a manifestação mais plena: “O Senhor é meu pastor: nada me falta. Em verdes prados me faz descansar e conduz-me às águas refrescantes, reconforta a minha alma e guia-me por caminhos retos, por amor do seu nome. Ainda que atravesse vales tenebrosos, de nenhum mal terei medo…” (Sl 23, 1 ss).

E é por isso também que à descuidada pergunta de Pilatos: - O que é a verdade?, respondemos nós, com a presença aqui e a convicção mais forte: - A verdade é Cristo e a vida em Cristo!

Mas também sabemos o que tal implica. Se em Cristo encontramos o pastor e na cruz o seu bordão, teremos de ser conformes com tal verdade recebida e alcançada. Conformidade implica conversão ao que nos foi dado; conformidade requer testemunho ativo junto de quem O não conheça e assim mesmo O espere. Entre ovelhas sem pastor e o pastor que recebemos, urgem as mediações que nós temos de ser. Também aconteceu connosco, que já divisamos a glória da cruz e não fora desta, porque alguém nos ensinou que era mesmo assim. Assim acontecerá com outros, se os aproximarmos do mesmo pastor.

De Pilatos, que desistiu de obter resposta, não sabemos muito mais e o que se diz não o abona. Mas dos poucos, pouquíssimos, que com tanto risco seguiram Jesus até ao Gólgota; dos poucos que depois testemunharam a sua morte feita vida e aí mesmo renasceram; de tantos que em dois milénios alargaram o Evangelho pelo mundo: destes colhemos nós a flor e o fruto da verdade demonstrada e da realidade perfeita.

Por isso a cruz de Cristo fulgurou tanto, por entre as trevas que cobriram toda a terra. Por isso e só por isso, estamos e estaremos sempre aqui. Porque a sua voz é mais forte do que as nossas dúvidas. Porque a sua resposta é integral, numa vida oferecida e assim mesmo salva e salvadora. Restando-nos clamar, como clamou quem o soube, em adequação perfeita ao que Cristo lhe dera: “De nada me quero gloriar, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo!” (Gl 6, 14).

+ Manuel Clemente

Sé do Porto, 6 de abrilde 2012

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A Semiótica do Natal





A comunicação, só a um nível muito simplificado se encaixa naquele modelo linear que todos conhecemos ou ouvimos já falar: fonte-emissor-mensagem-receptor-destinatário. Na realidade, comunicação consiste em por algo em comum, em partilhar. Mas se formos olhar com atenção para aquilo que partilhamos, temos então o estudo dos signos e da significação.

Um signo segundo um autor famoso e um dos grandes sistematizadores da Semiótica C. S. Pierce, é algo que numa determinada situação (contexto) para alguém, está em vez de outra coisa.

No nosso caso, o do Natal, queremos ver que tipos de coisas, (significantes) estão em lugar de que conceitos (significados) e, para que realidades apontam (referentes) estes signos. Digno de referência é também o facto de que estes signos não se interpretam nem se compreendem em si mesmo nem por si mesmos, antes só no conjunto podemos encontrar o valor significativo que têm estes elementos. É principalmente nos contrastes entre signos que podemos encontrar os seu significado. Assim sendo estes conjuntos de signos, estas estruturas se quisermos, formam linguagens de signos, com gramáticas próprias. É muito importante notar que um signo só tem sentido ou pelo menos, só tem um determinado sentido no contexto de uma destas linguagens. Se importarmos um signo de uma linguagem para outra o seu significado pode ser outro completamente diferente ou, mesmo indefinido ie. pode perder de todo o seu sentido.

No nosso caso, o do Natal, a linguagem mais comummente veiculada é a que gira à volta de um personagem gordo, vestido de vermelho com barbas brancas e um gigante saco de presentes. Este individuo, o Pai-Natal, que tem raízes muito remota em São Nicolau, vem de uma terra longínqua a Lapónia, faz-se transportar num trenó com renas e, numa só noite traz felicidade a todas as crianças do mundo, deixando-lhes presentes no sapatinho depois de descer pela chaminé da casa.

Nesta linguagem, o Natal, confunde-se quase por completo com os presentes, com o vermelho garrido do fato do Pai-Natal, com o brilho das luzes e das decorações com comida em especial doçaria em abundância, enfim com uma materialidade comercial, e mercantilista. O Natal neste contexto não deixa de ter as suas semelhanças aos rituais primitivos do Potlatch!
Neste sistema, o significante - luminoso e atraente -, leva directamente e sem esforço algum ao significado e ao referente, a satisfação dos desejos de comer, de ter de mostrar o que se tem, numa lógica onde a matéria é o princípio e fim de toda a quadra. Repare-se também no carácter arbitrário do Natal nesta gramática: "Natal é quando um homem quer"! Porque neste contexto o Natal é algo social, humano e sujeito a quantificação, quanto se gasta quanto se tem.... quanto... quanto....

Ora, na linguagem do Cristianismo o natal não é nada assim! Natal é o Nascimento de Jesus Cristo. É totalmente irrelevante neste caso que Jesus tenha nascido ou não no dia 25 de Dezembro, nós festejamos o Nascimento não a data| Se eu com o tempo me tivesse esquecido de qual o dia em que nasci e, decidisse festejar o meu aniversário no dia X Y ou Z, festejaria, nesse dia o facto de eu ter nascido, e, não de ter nascido nesse dia!

Podemos mais ainda, olhar para as circunstância concretas nas quais Jesus nasceu: num sitio ermo, desconhecido, pouco iluminado, entre animais! Temos o total e completo contraponto do Pai-Natal, uma pessoas que se rodeia da simplicidade, (a começar pelo nascimento) que evita as "luzes da ribalta", mais tarde seria tentado a atirar-se abaixo do pináculo do Templo para provar a sua Procedência Divina e assim poder brilhar à maneira do mundo! Respondeu: "Não tentarás ao Senhor teu Deus"! No seu nascimento escolheu para o saudarem pastores (marginais naquela sociedade), em contraponto com o Pai-Natal que faz a sua entrada de forma espampanante e vistosa com um "Ho-Ho-Ho"!
Jesus, como Presente traz-Se a Si mesmo, Caminho Verdade e Vida! Cristo, traz uma alegria muitíssimo diferente daquela que vimos na outra linguagem, uma alegria baseada no critério: "ama o teu próximo como a ti mesmo", uma alegria baseada nas Suas Palavras que são Pão para saciar não só na noite de 24 mas eternamente!

Nesta Linguagem, falada com o próprio Jesus Cristo que é a Palavra de Deus e portanto o Signo de Deus em pleno, o referente (que é Deus e portanto Jesus) está sempre presente, temos apenas que ouvir e esforçar-mo-nos para construir em nós os significantes que ele oferece gratuitamente a todo o que estiver disposto a ouvir.

Neste sentido Jesus, que nasce em cada um de nós, é uma forma sígnica mais profunda, não só está em lugar de realidades superiores, porque nos conduz a essas realidade - é o caminho, a porta para elas -, mas Ele próprio em em plenitude essa realidade que todos os Homens (frequentemente sem o saberem ) anseiam: Deus!

Natal é quando Jesus nasce!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Censos 2011: nível de escolaridade em Portugal muito baixo




Censos 2011
Um quinto da população portuguesa não tem qualquer nível de ensino

08.12.2011 - 16:10 Por Catarina Gomes



Entre 2001 e 2011 quase duplicou o número de pessoas que passou a ter curso superior – são agora cerca de 1,2 milhões. Esta tendência também se verifica no ensino secundário. Mas, contas feitas, apenas 12% da população possui o ensino superior completo, 13% o secundário, o que contrasta com os 19% da população sem qualquer nível de ensino. São dados provisórios do Censos 2011 ontem divulgados no Instituto Nacional de Estatística (INE), em Lisboa.

O coordenador do Gabinete de Censos do Instituto Nacional de Estatística (INE), Fernando Casimiro, destacou ontem a passagem de 284 mil licenciados em 1991, 674 mil em 2001 e 1,262 milhões de pessoas este ano. São as mulheres quem possui qualificações mais elevadas, sendo 61% dos licenciados do sexo feminino, mas são também as mulheres que predominam no grupo de pessoas sem qualquer escolaridade. Apesar das boas notícias, 19% das pessoas não têm qualquer nível de ensino. O ensino básico do 1.º ciclo corresponde ao nível mais elevado da população – 25%.


Algumas considerações:

- Há, em Portugal, grupos que dizem defender os trabalhadores, em vez de protestarem irracionalmente qualquer medida, corte ou redução esses grupos (PCP/BE/CGTP) deviam considerar que mudar a situação descrita acima é a única maneira de defender os trabalhadores!!!

- A responsabilidade não é só da oposição, também o Governo deve ter (o que já se tornou um chavão) como prioridade defender a competitividade do País, em primeiro lugar e acima de tudo por via da qualificação!

- Os Portugueses em geral devem tomar consciência de que um nível escolar superior é o principal factor de mobilidade social -- quer dizer, para subir na vida --, e não ter um telemóvel ou computador da Apple, um carro maior ou, (segunda) casa própria, estas coisas perfeitamente úteis e legitimas são consequências, não causas da mobilidade social!!!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A Humildade da Ciência e a Ciência da Humildade











Taken over the centuries, scientific ideas have exerted a force on our civilization fully as great as the more tangible practical applications of scientific research.

Tomadas ao longo dos séculos, as ideias científicas têm exercido um força na nossa civilização inteiramente tão grandes como as aplicações práticas mais tangíveis da investigação científica.
I. Bernard Cohen (1914- ) U. S. historian of science.

Período de nojo:

Algumas atitudes, vindas de algumas pessoas, dada a sua fealdade e o seu conteúdo venenoso, exigem veementemente um período de nojo.

No entanto, sendo este intervalo de tempo esgotado eventualmente, podemos voltar às questões levantadas por tais indivíduos mesmo com alguma vantagem que nos foi conferida pelo passar lento e pausado do tempo e pela consideração medrada dos problemas que estavam ou não em debate!


Omnia disce:

"Omnia disce, videbis postea nihil esse superfluum. Coarctata scientia jucunda non est."

Aprende tudo, verás depois que nada é supérfluo, coarctada a Ciência não é bela.

Hugh of St. Victor (c. 1078 or 1096?--1141)

Como bem compreendeu Hugo de São Victor, a busca cientifica implica liberdade. A verdadeira liberdade está, no entanto, orientada para o bem, de modo que a essa mesma liberdade possa crescer, dado que só nos pensamentos e nas acções cheias do sentido e do significado que os valores nos trazem podemos encontrar essa radical ausência de barreiras e de empecilhos que constituem a verdadeira e perene Liberdade.
De contrário temos, uma libertinagem que nos leva a perder a pouca autonomia que julgávamos ter, tal como o estudante que decide que não estuda porque para isso tem liberdade depois compreende que não fez uso de liberdade mas de estulticia pois a liberdade exerce-se em conjunção com a sabedoria ou a ciência.






Os cientistas procuram saber (é dai que vem a palavra ciência de sci= sei) as razões das coisas. As razões reais, das coisas reais que existem mesmo, caso contrário não há possibilidade de saber e lodo não há ciência possível. É que há hoje um conjunto de pessoas muito confundidas e baralhadas, julgam que se pode fazer qualquer tipo de ciência sem Metafisica/Ontologia, mas na verdade não se pode porque se as coisas não existem (ou como obstinadamente teimam os agnósticos, se não podemos saber se existem) também não podemos saber mais nada sobre nada porque, ou nada existe ou... enfim nem vale a pena continuar!

Em suma: as coisas, a realidade quero eu dizer, existem e a ciência procura saber as causas, materiais e eficientes em todo o caso da sua existência!

Fica claro, parece-me que não se pode excluir nada deste "PROQUÊ?" caso contrário como diz o Hudo de São Vitor temos um conhecimento retalhado, amputado, truncado e, mais outros sinónimos que pudéssemos encontrar!
Não só não se pode excluir nada como tem obrigatoriamente de subir ao mais alto das razões das coisas, pelo menos daquilo que intelectual e independentemente julgamos ser o cume da montanha das razões.
Isto não é nada um empreendimento humilde! É necessária audácia! Mas a sorte protege os audazes e é isso que os cientistas procuram ser AUDAZES! Quando se leva uma criança a uma loja de brinquedos e se lhe pergunta qual queres ele invariavelmente aponta para o maior, o mais espectacular brinquedo que lá houver! Ou se não se puder decidir, tenta leva-los todos! (Correndo o risco de levar a metáfora um bocadinho longe demais, o problema é que muito raramente os pais têm arcaboiço financeiro para comprar tantos e tão dispendiosos brinquedos)

Os cientistas são, com algumas adaptações sociológicas, como crianças numa grande loja de brinquedo que é o mundo! Senão veja-se o que disse o Newton:

“I do not know what I may appear to the world, but to myself I seem to have been only like a boy playing on the sea-shore, and diverting myself in now and then finding a smoother pebble or a prettier shell than ordinary, whilst the great ocean of truth lay all undiscovered before me.”

Não sei o que posso ter parecido ao mundo, mas a mim próprio pareço ter sido somente como um rapazinho que brinca na praia e se diverte quando encontra uma pedra mais macia ou uma concha mais bela do que o normal, ao passo que o grande oceanoa da verdade se apresenta completamente desconhecido diante de mim.

Temos assim que a ciência parte do desejo do Homem, um desejo que como referia Reginald Garrigou-Lagrange, O.P. tem uma profundidade infinita!



Discite a Me:

Discite a Me, quia mitis Sum et humilis corde
Aprendei de Mim que Sou manso e humilde de coração.

Mt 11, 29.

Este querem saber tudo, ou o mais possível, faz com que fiquemos encantados como o Isaac Newton com a maravilha deste nosso problema que é o real!
Chegamos assim à verdadeira humildade que não e apoucamento, mas pelo contrário nasce da nossa audácia e realiza-se na nossa compreensão de quão pequenos somos nesta imensidão vasta que procuramos entender! Somos levados, pela exaustão das forças intelectuais a ver claramente como e quanto somos insignificante diante desta magnifica obra!
Assim, se tivermos coragem somos levados a considerar a Causa das Causas; Aquele que sem se mover, move tudo e todos; o Ordenador de toda a ordem que vemos no mundo e, assim sucessivamente nas vias tomistas.

Não partimos de uma humildade(zinha) que nos é imposta de fora, pela situação existencial de uma ou outra pessoa que se demitiu deste cargo de criança à-beira-mar, mas somos levados a contemplar esta humildade no mundo e, se tivermos olhos para ver n'Aquele que sendo Construtor do Mundo se fez parte dele, com uma simplicidade que nos ensina a todos cada vez sempre mais e mais segundo a medida do nosso desejo.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Espaço de Oração na UM






“Deus é ainda uma realidade desconhecida no mundo da cultura, da ciência”.
D. Jorge Ortiga

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sábado, 29 de outubro de 2011

Discurso de Bento XVI no encontro inter-religioso de Assis


Queridos irmãos e irmãs,

distintos Chefes e representantes das Igrejas e Comunidades eclesiais e das religiões do mundo,

queridos amigos,



Passaram-se vinte e cinco anos desde quando pela primeira vez o beato Papa João Paulo II convidou representantes das religiões do mundo para uma oração pela paz em Assis. O que aconteceu desde então? Como se encontra hoje a causa da paz? Naquele momento, a grande ameaça para a paz no mundo provinha da divisão da terra em dois blocos contrapostos entre si. O símbolo saliente daquela divisão era o muro de Berlim que, atravessando a cidade, traçava a fronteira entre dois mundos. Em 1989, três anos depois do encontro em Assis, o muro caiu, sem derramamento de sangue. Inesperadamente, os enormes arsenais, que estavam por detrás do muro, deixaram de ter qualquer significado. Perderam a sua capacidade de aterrorizar. A vontade que tinham os povos de ser livres era mais forte que os arsenais da violência. A questão sobre as causas de tal derrocada é complexa e não pode encontrar uma resposta em simples fórmulas. Mas, ao lado dos fatores económicos e políticos, a causa mais profunda de tal acontecimento é de caráter espiritual: por detrás do poder material, já não havia qualquer convicção espiritual. Enfim, a vontade de ser livre foi mais forte do que o medo face a uma violência que não tinha mais nenhuma cobertura espiritual. Sentimo-nos agradecidos por esta vitória da liberdade, que foi também e sobretudo uma vitória da paz. E é necessário acrescentar que, embora neste contexto não se tratasse somente, nem talvez primariamente, da liberdade de crer, também se tratava dela. Por isso, podemos de certo modo unir tudo isto também com a oração pela paz.



Mas, que aconteceu depois? Infelizmente, não podemos dizer que desde então a situação se caracterize por liberdade e paz. Embora a ameaça da grande guerra não se aviste no horizonte, todavia o mundo está, infelizmente, cheio de discórdias. E não é somente o facto de haver, em vários lugares, guerras que se reacendem repetidamente; a violência como tal está potencialmente sempre presente e caracteriza a condição do nosso mundo. A liberdade é um grande bem. Mas o mundo da liberdade revelou-se, em grande medida, sem orientação, e não poucos entendem, erradamente, a liberdade também como liberdade para a violência. A discórdia assume novas e assustadoras fisionomias e a luta pela paz deve-nos estimular a todos de um modo novo.



Procuremos identificar, mais de perto, as novas fisionomias da violência e da discórdia. Em grandes linhas, parece-me que é possível individuar duas tipologias diferentes de novas formas de violência, que são diametralmente opostas na sua motivação e, nos particulares, manifestam muitas variantes. Primeiramente temos o terrorismo, no qual, em vez de uma grande guerra, realizam-se ataques bem definidos que devem atingir pontos importantes do adversário, de modo destrutivo e sem nenhuma preocupação pelas vidas humanas inocentes, que acabam cruelmente ceifadas ou mutiladas. Aos olhos dos responsáveis, a grande causa da danificação do inimigo justifica qualquer forma de crueldade. É posto de lado tudo aquilo que era comummente reconhecido e sancionado como limite à violência no direito internacional. Sabemos que, frequentemente, o terrorismo tem uma motivação religiosa e que precisamente o caráter religioso dos ataques serve como justificação para esta crueldade monstruosa, que crê poder anular as regras do direito por causa do «bem» pretendido. Aqui a religião não está ao serviço da paz, mas da justificação da violência.



A crítica da religião, a partir do Iluminismo, alegou repetidamente que a religião seria causa de violência e assim fomentou a hostilidade contra as religiões. Que, no caso em questão, a religião motive de facto a violência é algo que, enquanto pessoas religiosas, nos deve preocupar profundamente. De modo mais subtil mas sempre cruel, vemos a religião como causa de violência também nas situações onde esta é exercida por defensores de uma religião contra os outros. O que os representantes das religiões congregados no ano 1986, em Assis, pretenderam dizer – e nós o repetimos com vigor e grande firmeza – era que esta não é a verdadeira natureza da religião. Ao contrário, é a sua deturpação e contribui para a sua destruição. Contra isso, objeta-se: Mas donde deduzis qual seja a verdadeira natureza da religião? A vossa pretensão por acaso não deriva do facto que se apagou entre vós a força da religião? E outros objetarão: Mas existe verdadeiramente uma natureza comum da religião, que se exprima em todas as religiões e, por conseguinte, seja válida para todas? Devemos enfrentar estas questões, se quisermos contrastar de modo realista e credível o recurso à violência por motivos religiosos. Aqui situa-se uma tarefa fundamental do diálogo inter-religioso, uma tarefa que deve ser novamente sublinhada por este encontro. Como cristão, quero dizer, neste momento: É verdade, na história, também se recorreu à violência em nome da fé cristã. Reconhecemo-lo, cheios de vergonha. Mas, sem sombra de dúvida, tratou-se de um uso abusivo da fé cristã, em contraste evidente com a sua verdadeira natureza. O Deus em quem nós, cristãos, acreditamos é o Criador e Pai de todos os homens, a partir do qual todas as pessoas são irmãos e irmãs entre si e constituem uma única família. A Cruz de Cristo é, para nós, o sinal daquele Deus que, no lugar da violência, coloca o sofrer com o outro e o amar com o outro. O seu nome é «Deus do amor e da paz» (2 Cor 13,11). É tarefa de todos aqueles que possuem alguma responsabilidade pela fé cristã, purificar continuamente a religião dos cristãos a partir do seu centro interior, para que – apesar da fraqueza do homem – seja verdadeiramente instrumento da paz de Deus no mundo.



Se hoje uma tipologia fundamental da violência tem motivação religiosa, colocando assim as religiões perante a questão da sua natureza e obrigando-nos a todos a uma purificação, há uma segunda tipologia de violência, de aspeto multiforme, que possui uma motivação exatamente oposta: é a consequência da ausência de Deus, da sua negação e da perda de humanidade que resulta disso. Como dissemos, os inimigos da religião veem nela uma fonte primária de violência na história da humanidade e, consequentemente, pretendem o desaparecimento da religião. Mas o «não» a Deus produziu crueldade e uma violência sem medida, que foi possível só porque o homem deixara de reconhecer qualquer norma e juiz superior, mas tomava por norma somente a si mesmo. Os horrores dos campos de concentração mostram, com toda a clareza, as consequências da ausência de Deus.



Aqui, porém, não pretendo deter-me no ateísmo prescrito pelo Estado; queria, antes, falar da «decadência» do homem, em consequência da qual se realiza, de modo silencioso, e por conseguinte mais perigoso, uma alteração do clima espiritual. A adoração do dinheiro, do ter e do poder, revela-se uma contrarreligião, na qual já não importa o homem, mas só o lucro pessoal. O desejo de felicidade degenera num anseio desenfreado e desumano como se manifesta, por exemplo, no domínio da droga com as suas formas diversas. Aí estão os grandes que com ela fazem os seus negócios, e depois tantos que acabam seduzidos e arruinados por ela tanto no corpo como na alma. A violência torna-se uma coisa normal e, em algumas partes do mundo, ameaça destruir a nossa juventude. Uma vez que a violência se torna uma coisa normal, a paz fica destruída e, nesta falta de paz, o homem destrói-se a si mesmo.



A ausência de Deus leva à decadência do homem e do humanismo. Mas, onde está Deus? Temos nós possibilidades de O conhecer e mostrar novamente à humanidade, para fundar uma verdadeira paz? Antes de mais nada, sintetizemos brevemente as nossas reflexões feitas até agora. Disse que existe uma conceção e um uso da religião através dos quais esta se torna fonte de violência, enquanto que a orientação do homem para Deus, vivida retamente, é uma força de paz. Neste contexto, recordei a necessidade de diálogo e falei da purificação, sempre necessária, da vivência da religião. Por outro lado, afirmei que a negação de Deus corrompe o homem, priva-o de medidas e leva-o à violência.



Ao lado destas duas realidades, religião e antirreligião, existe, no mundo do agnosticismo em expansão, outra orientação de fundo: pessoas às quais não foi concedido o dom de poder crer e todavia procuram a verdade, estão à procura de Deus. Tais pessoas não se limitam a afirmar «Não existe nenhum Deus», mas elas sofrem devido à sua ausência e, procurando a verdade e o bem, estão, intimamente estão a caminho d’Ele. São «peregrinos da verdade, peregrinos da paz». Colocam questões tanto a uma parte como à outra. Aos ateus combativos, tiram-lhes aquela falsa certeza com que pretendem saber que não existe um Deus, e convidam-nos a tornar-se, em lugar de polémicos, pessoas à procura, que não perdem a esperança de que a verdade exista e que nós podemos e devemos viver em função dela. Mas, tais pessoas chamam em causa também os membros das religiões, para que não considerem Deus como uma propriedade que de tal modo lhes pertence que se sintam autorizados à violência contra os demais. Estas pessoas procuram a verdade, procuram o verdadeiro Deus, cuja imagem não raramente fica escondida nas religiões, devido ao modo como eventualmente são praticadas. Que os agnósticos não consigam encontrar a Deus depende também dos que creem, com a sua imagem diminuída ou mesmo deturpada de Deus. Assim, a sua luta interior e o seu interrogar-se constituem para os que creem também um apelo a purificarem a sua fé, para que Deus – o verdadeiro Deus – se torne acessível. Por isto mesmo, convidei representantes deste terceiro grupo para o nosso Encontro em Assis, que não reúne somente representantes de instituições religiosas. Trata-se de nos sentirmos juntos neste caminhar para a verdade, de nos comprometermos decisivamente pela dignidade do homem e de assumirmos juntos a causa da paz contra toda a espécie de violência que destrói o direito.

Concluindo, queria assegura-vos de que a Igreja Católica não desistirá da luta contra a violência, do seu compromisso pela paz no mundo. Vivemos animados pelo desejo comum de ser «peregrinos da verdade, peregrinos da paz».

Bento XVI (tradução para português publicada pelo Vaticano)