sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Ciência e Religião, preconceitos e contumácias:

"Sou um cristão, isto significa: creio na divindade de Jesus Cristo juntamente com Tycho Brahe, Copérnico, Descartes, Newton, Fermat, Leibniz, Pascal, Grimaldi, Euler, Guldin, Boscowitsch, Gerdil, com todos os grandes astrônomos, todos os grandes pesquisadores das ciências naturais, todos os grandes matemáticos dos séculos passados. E se porventura me perguntarem pela razão, terei prazer em explicá-la. Verão que minha convicção é resultado de estudo cuidadoso e não de preconceitos."

Augustin Louis Cauchy (1789-1857), matemático e físico

http://www.freewebs.com/kienitz/declara.htm


Um preconceito é um juízo preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude discriminatória perante pessoas lugares ou tradições considerados diferentes ou estranhos. Costuma indicar desconhecimento pejorativo de alguém ou de um grupo social.
A definição acima, apesar de do ponto de vista das ciências sociais ser um “tanto ao quanto” incompleta (ainda que não falsa), tem riqueza estrutural e conceptual suficiente, para permitir discutir o aparecimento de certo tipo de comportamentos no seio das ciências e, em particular no das ciências ditas naturais ou exactas – designação com a qual não estou totalmente de acordo.
Talvez um melhor conceito, para analisar o que pretendo, fosse o de estereotipo, que é uma estrutura ao mesmo tempo cognitiva e, social. Ou melhor, tem uma componente cognitiva e, outra social (e, possivelmente uma componente afectiva). No entanto, a utilização dos estereótipos levar-me-ia a uma discussão complicada do papel da cognição nas ciências e, outra tão ou mais complicada acerca da estrutura das comunidades cientificas, quer dizer da Sociologia da Ciência.
Com efeito, é perfeitamente compreensível que, um certo conjunto de pessoas, por falta de treino no uso das capacidade intelectuais ou da cognição, tenha dificuldade para aceitar como igual aquilo que lhe é diferente, talvez até certo ponto sem culpa atribuível a essas pessoas, dado que as suas histórias de vida não permitiram que desenvolvessem ferramentas mentais adaptadas à abstracção, à contextualização e, em geral à compreensão das vivencias e cultura diferentes das suas. Outra coisa, diferente – até certo ponto diametralmente oposta – que se aceita bem é, um conjunto de criticas e, atitudes de indivíduos que fruto do seu esforço e estudo, de investigações aturadas que levaram a cabo, do manifesto conhecimento de causa que se revela por exemplo na precisão com que enunciam os factos relevante a um dado assunto.
Depois há aquela enorme zona cinzenta, onde proliferam indivíduos que não são incapazes de todo mas que baseiam as suas críticas em pseudo-factos, em historietas, romances e, enfim qualquer coisa excepto em factos!

Ora bem, mas afinal que atitudes são estas de que falo? São pura e simplesmente, o preconceito ridículo que diz que os únicos que pensam são aqueles que rejeitam qualquer tipo de religião ou convicção extra-cientifica. Os outros seriam irracionais! Há, até, uma dita concepção filosófica – a meu ver bastante incongruente – que dá pelo nome de Positivismo e, que pretende ser, como afirmava o próprio criador A. Conte, (figura à esquerda), a religião da ciência!!! Digo só que este mesmo senhor, afirmava a impossibilidade de se conhecer a constituição das estrelas porque, segundo ele, não podemos ir lá fazer experiencias!... Cloro está que o tal senhor, não viveu o suficiente para assistir ao nascimento da espectroscopia de Fraunhofer, esta levou à descoberta de um elemento químico, o Hélio, no Sol, antes de ter sido descoberto nos laboratórios terrestres! Conte certamente diria: “Há não! Isso ai não é ciência!...”

Bom, mas o problema piara quando chegamos à Cosmologia. Ai, as concepções filosóficas herdadas das respeitáveis e venerandas tradições gregas, digo-o sem o mínimo de ironia, soçobraram a uma visão que pode ser assemelhada, ás concepções Judaico-Cristãs de um mundo criado! Acontece até, que um dos homens, este cientista stricto sensu, que foram responsáveis pela sistematização da Cosmologia era Sacerdote da Igreja Católica e, dava pelo nome de Georges-Henri Édouard Lemaître, (à direita). Trabalhou no agora badalado MIT e, recebeu pelos seus contributos elogios rasgados de Albert Einstein que, nem vou dizer quem é porque todos sabem. É claro que o Pe. Lemaître, utilizou uma linguagem, que é própria de uma tradição, e por isso mesmo é questionável. Falava de um Átomo Primordial e, coisas do género. Mas note-se a diferença para o Conte. Este não só dizia mas fazia. O outro falou muito mas não fez ciência.

Mas continuemos, isto foi um grande choque! Principalmente para as pessoas de orientações mais marcadamente anti-cristãs, isto significa que toda a cosmologia está errada! Temos mesmo diversos grupos nas áreas da filosofia na arte na ciência e, na cultura em geral: há os que chamam á cosmologia uma teoria da Igreja Católica, sem fundamento nenhum, porque a Igreja não se dedica a fazer teorias cientificas nem filosóficas; há os que tentam (com alguma legitimidade diga-se), reinterpretar a cosmologia como não significando o que mais naturalmente significa – é que na gíria da área, fala-se de Idade do Universo, principio do Universo, Universo primitivo, tempo cósmico, etc. Mas o que me espanta, é que estas críticas que vêm de diversas áreas da cultura baseiam-se no quase total desconhecimento da cosmologia ou da religião em geral ou, pior das duas!

Pior do que isto há pessoas que dentro da ciência tentam instrumentaliza-la no sentido de tentar provar a falsidade de concepções religiosas. Isto é particularmente ridículo, pois basta ver que os conhecimentos religioso e, cientifico são tão dispares que a ciência não pode confirmar nem infirmar a religião. Mais ainda, qual é a diferença, entre uma instrumentalização da ciência pela religião e, uma instrumentalização da ciência contra a religião? Esta última foi feita, por exemplo, pelos regimes comunistas do leste Europeu, nos quais se considerava que não se devia estudar a Teoria da Relatividade Geral de Einstein, porque ele acreditava em Deus! (Vejam-se os livro de Igor D. Novikov). Pois não há diferença! Bom, há talvez uma, as lamentáveis situações do sec. XVI na qual, uma instituição com defeitos como todas as instituições, neste caso a Igreja Católica, (e que até já pediu desculpa pelos factos, em marcada dissonância do caso comunista, onde nunca ninguém pede desculpa por nada), foi protagonista, passou-se exactamente no sec. XVI. Ao passo que, as perseguições às teorias das relatividade e, da mecânica quântica perpetradas, não só mas também, pelos regimes comunistas, fora no século XX! Pasme-se, afinal a tal Era das Luzes, que deu na Revolução Francesa e, depois no positivismo trouxe o quê? Mais do mesmo? Sim talvez, mas de um certo ponto de vista pior: o numero de pessoas barbaramente vitimadas pelas Inquisições (Católica e, Protestante que também existiu uma), quando comparadas com a quantidade infindável de gente que os regimes comunistas vitimaram, é uma pequeníssima gota no oceano! Basta olhar para o caso de um homem, louco psicopata com Josef Stalin e, ver que isso é muito para alem do que qualquer igreja alguma vez fez.
Mas aqui, chegamos ao meu ponto principal, esses senhores(as) de diversas qualificações e quadrantes da cultura, muitos deles não sabem Relatividade, nunca estudaram nenhuma matemática, outros nunca lerem nenhum documento nem texto religioso fundamental. Como podem então fazer juízos de valor daquilo que não conhecem?

Ou seja, estamos no domínio dos preconceitos e, no da contumácia! Era útil para esses e essas, lesem algo sobre ciência e, também sobre religião: não só livros de divulgação e o Código de DaVinci! Leiam as maravilhosas palestras do Professor Richard Feynman. Leiam os geniais textos do Papa João Paulo II do Papa Bento XVI. E, talvez depois desse exercício de cultura possam tem verdadeiramente uma posição positiva e, iluminada!!!


5 de Fevereiro de 2010

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