domingo, 24 de julho de 2011

Preferir a Ciência a tudo o resto!





Naqueles dias, o Senhor apareceu em sonhos a Salomão durante a noite e disse-lhe: «Pede o que quiseres». Salomão respondeu: «Senhor, meu Deus, Vós fizestes reinar o vosso servo em lugar do meu pai David e eu sou muito novo e não sei como proceder. Este vosso servo está no meio do povo escolhido, um povo imenso, inumerável, que não se pode contar nem calcular. Dai, portanto, ao vosso servo um coração inteligente, para governar o vosso povo, para saber distinguir o bem do mal; pois, quem poderia governar este vosso povo tão numeroso?». Agradou ao Senhor esta súplica de Salomão e disse-lhe: «Porque foi este o teu pedido, e já que não pediste longa vida, nem riqueza, nem a morte dos teus inimigos, mas sabedoria para praticar a justiça, vou satisfazer o teu desejo. Dou-te um coração sábio e esclarecido, como nunca houve antes de ti nem haverá depois de ti». (1 Reis 3, 5.7-12)

Existe uma ordem de nobreza nas coisas. As inertes são menos nobres do que as vivas. As criaturas irracionais (ainda que devem ser escrupulosamente respeitadas) são, menos nobres do que as racionais! Assim, desta mesma maneira é para os bens: os materiais, são importantes sem dúvida mas, não se compara aos intelectuais e, estes muito menos aos da alma à Virtude à Graça Santificante e aos dons do Espírito Santo!
Sobre todos os bens que podem ser possuídos está o Bem Supremo, Deus que sacia totalmente os nossos desejos.
A este respeito diz Garrigou-Lagrange:

Por isso a bem-aventurança ou verdadeira felicidade, que
o homem já deseja natural mente não pode encontrar-se em
nenhum bem limitado ou restrito, mas unicamente em Deus(...)

Com efeito, e impossivel que 0 homem encontre a verdadeira
felicidade, que deseja naturalmente, em qualquer
bem limitado, porque a sua inteligência, verificando imediatamente
a limite, concebe um bem superior e, naturalmente,
esse bem e desejado pela vontade.
(O Homem e a Eternidade)


Desta maneira, podemos apreciar melhor quanto Salomão estava certo quando pediu um "coração inteligente", num certo sentido pediu para estar mais em consonância com aquilo que ele é razão. Também em maior sintonia com Deus, porque um coração inteligente funda-se no amor que nos vem da participação no Amor que é Deus!

Do que se disse, vê-se à saciedade que é sumamente estulto procurar riquezas ou honras ou fama quando o bem que devemos procurar é Deus. Único bem que pode terminar a nossa busca de bens.

Também São Tomás insigne escritor ouviu de Jesus na oração uma pergunta à qual respondeu da mesma maneira:

Bene scripsisti de me, Thoma: quam mercedem addipies? Non aliam, nisi te Domine.
Escreveste bem de mim Tomás: que queres que te dê? Nada senão a Vos ò Senhor.

Urge portanto fazer um esforço, quer intelectual quer de vontade, para reorientarmos as nossas prioridades: antes de tudo está Deus e a Esperança (que é uma virtude teologal) de O possuir. Ou seja
Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo. Mt 6, 33


Também a Virgem Maria é chamada a Sede de Sabedoria, que ela nos alcance esse excelente bem que deveriamos todos querer!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Saldo do comunismo: Cem milhões de mortos!








Fala-se muito das mortes causadas pela(s) religiões, em especial na Idade Média. Neste período, as Inquisições tanto a Católica como a Protestante supostamente mataram milhões de inocentes.

Mas, do que ninguém fala é do fenómeno equivalente no século XX que matou de uma forma hedionda um numero muitíssimo maior de pessoas.

Comecemos pelo princípio: as estimativas de população mundial que podem ser encontradas aqui no Department of Economics, U.C. Berkeley podem ser resumidas no gráfico seguinte:

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Note-se que a população mundial era 265 milhões por volta do ano 1000, 425 milhões por volta do ano 1500, 720 milhões por volta de 1750. Estamos a falar de estimativas para a população mundial, não para a população da Europa onde propriamente se desenrolou a Inquisição. Podem encontrar-se estimativas da população europeia na Idade Media aqui nas páginas dum projecto interessantíssimo chamado Medieval Sourcebook.

Se agora, combinarmos isto com o excelente artigo de R.J. Rummel da Universidade do Havai, que está aqui e lermos que o comunismo no século XX matou 100 000 000 isto é cem milhões de pessoas, vemos o absurdo que é comparar as duas coisas!

O comunismo matou o equivalente a 37,7% da população mundial no ano 1000, 23,5% da do ano 1500 e, 13,9% da população do ano 1750!

Se usarmos as tabelas para a população europeia acima mencionadas, vemos que o total da população europeia (incluindo a Europa de Leste) era uns magros 73.5 milhões no ano 1340 e, 50 milhões no ano 1450! Logo, nem que os Inquisidores matassem a população europeia total não chegariam a cifra horrenda de 100 000 000 que nos é dada acima para as mortes causadas pelo comunismo!

Claramente não faz sentido comparar as duas coisas!

Mas mesmo que nos limitemos a comparar o comunismo com as outras forma de governo no sec. XX vemos do gráfico seguinte que este é muito mais pernicioso e assassino:



Mas o Autor responde à pergunta de porque é que o comunismo é tão mortífero, diz o seguinte:

Mas os comunista não podiam estar enganados. [ironia do autor] Afinal de contas, o seu conhecimento era científico, baseado no materialismo histórico, uma compreensão do processo dialéctico na natureza e na sociedade humana, e numa visão da natureza materialista (e por tanto exacta). Marx mostrou empiricamente onde a sociedade esteve e porquê, e ele e os seus interpretes provaram que esta estava destinada para um fim comunista. Ninguém pediria impedir isto, mas somente obstruir e atrasar-lo a custo de mais miséria humana. Aqueles que discordaram com esta visão do mundo e, mesmo com algumas das interpretações próprias de Marx e Lenine estavam sem sobra de dúvida, errados. Afinal de contas não disseram o Marx o Lenine o Estaline ou o Mao que... Por outras palavras o comunismo era como uma religião fanática. Tinha o seu texto revelado e principais interpretes. Tinha os seus sacerdotes e a sua prosa ritual com todas as respostas. Tinha os seu paraíso e o comportamento certo para lá chegar. Tinha o seu apelo de crença. Tinha também as suas cruzadas contra os não crentes.


Isto diz o autor do artigo, eu acrescento: Não tinha também algo muito importante, Deus! Naão tina a Suma Bondade que negava fanaticamente, não tinha a Suma Felicidade porque a buscava na humanidade e, não tinha a Suma Verdade porque julgava (herança iluminista e positivista), que a verdade é material e assim encontro a corruptibilidade a mutabilidade e a imperfeição própria das coisas materiais!

Não tinha Aquele que disse: Eu Sou o Caminho a Verdade e a Vida! Não tinha porque não poida ter o: Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei! Assim, fez o que lhe é próprio matou cem milhões!...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A aceleração para o nada!




O pecado, que no dizer de São Tomas é aversio a Deo et conversio ad criaturas, que é o “afastamento” de Deus e o voltar-se para as criaturas. Ora este processo tem uma dinâmica, tato para as pessoas como para a Humanidade. Aqui faço uma tradução pessoal e muito própria de uma parte do Epílogo do livro “A vida eterna” de Reginald Garrigou-Lagrange, O.P.



No sentido próprio, são as pessoas que estão em descaminho e não as ideias. Sob perturbação fisiológica e psíquica os Homens tornam-se insensatos. E quanto maior for a sua inteligência, mais cresce esta insensatez, a sua proporção corresponde às suas faculdade e à sua cultura. A insensatez religiosa (NT. aquela que diz respeito a verdades religiosas) é insensatez mais difícil de curar, porque não há apelo a um motivo mais elevado. A inteligência entrou em descaminho nos seus mais altos patamares, ilude-se a si mesma habitualmente (NT no sentido de continuamente), particularmente nas suas ideias acerca de Deus, a Justiça infinita de Deus, a Misericórdia de Deus.
Ideias grandiosas pervertidas: ideias religiosas sem centro e equilíbrio. Isto resulta quando os Homens substituem a Fé em Deus, pela fé na Humanidade, tão cheia de aberrações. A Fé, iluminada pelo Espírito Santo, pelos dão da inteligência e da sabedoria, torna-se o princípio da contemplação mística. Mas a fé, onde degenera, torna-se o princípio do falso misticismo, cujos devotos embevecidos pelo progresso da Humanidade, como se este progresso nunca fosse sofrer revezes, mais como se este progresso fosse o próprio Deus, que se torna ele próprio em nós. A Renan foi feita a pergunta: Deus existe? E a sua resposta foi: Ainda não. Ele não viu que esta resposta era um blasfémia.
A Antiguidade Clássica não sofria desta completa falta de equilíbrio. Depois da antiguidade veio a Cristandade, veio a elevação sobrenatural do Evangelho. Depois quando o Homem abandonou a verdade cristã, a sua queda foi acelerada pela altura de onde caiu.
Esta separação começa com Lutero, que negava o [valor] do Sacrifício da Missa, a validade da absolvição sacramental e da confissão, a necessidade de observar os mandamentos de Deus para ser salvo. A queda foi apressada pelo enciclopedista e filósofos do século XVIII, pelo cristianismo corrompido de J. J. Rousseau, que roubou ao Evangelho o seu carácter sobrenatural e reduziu a religião a um sentimento natural, que pode ser encontrado, com maiores ou menores diferenças, em todas as religiões. Estas ideias foram espalhadas por toda a parte pela Revolução Francesa. Indo mais longe, Kant defendeu que a razão especulativa não pode provar a existência de Deus. Seguiram-se Fichte e Hegel que ensinam que Deus não existe acima da Humanidade, mas que se torna Deus em nos e por nossa acção, que Deus mais não é do que o progresso da Humanidade, tal como se este progresso não fosse acompanhado de tempos a tempos por um terrível recuo para a barbárie.
Entre o Cristianismo e estes terríveis erros levantou-se um sistema chamado liberalismo (NT liberalismo social), um posto intermédio, que não conclui nada, não dá motivo suficiente para a acção. O liberalismo é substituído pelo radicalismo, depois pelo socialismo, e finalmente pelo comunismo materialista e ateu. A negação de Deus e da religião, da família da propriedade, e da pátria: todas se seguem de perto. O comunismo desagua na servidão universal sob a mais terrível das ditaduras. A aceleração é tão válida nos processos mentais como o é nos corpóreos.


Quando o autor (Reginald Garrigou-Lagrange) fala de loucura ou de insensatez religiosa não tem, a meu, ver por objectivo criticar outras religiões. De facto noutro lugar desta obra ele defende que a todos os Cristãos e, mesmo pasme-se, a alguns pagãos com boas disposições e, que são ignorantes não por culpa mas porque nunca lhes foi anunciado o Evangelho, Deus salva segundo a sua Liberdade e a sua Misericórdia. A critica, é doutra maneira dirigida àqueles que julgam que a capacidade técnica numa área qualquer do saber humano, lhes dá o direito de opinar sobre assuntos de ordem Religiosa. A essas pessoas deve lembrar-se que a Teologia é uma Ciência de pleno direito. Deve lembrar-se-lhes que assim como alguns deles são por exemplo físicos (como eu sou) e, que vêm com maus olhos que aqueles que não têm formação específica falem da sua área de especialidade, também existe gente muito bem formada em Ciências Religiosas e Teologia, que aliás eram ciências antes da física o ser!
Deste falava no Evangelho Jesus quando “estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado».” Lc 10, 21
Está “dinâmica” do afastamento de Deus leva, da Existência, do Ser, da Verdade, para a ausência de tudo isto que é o nada! De facto quem se desvia de Deus desvia-se daquele que É e que concede a existência d’Aquele que “disse e tudo foi feito” que “ordenou e tudo foi criado” Sl 33, 9. Dirige-se, caso não se converta, inexoravelmente para o nada, ou para “trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes” Mt, 8, 12.

E, é claro que, quanto mais tempo as pessoas individuais ou, a Humanidade permanecer nesta aceleração, tanto mais difícil será para-la e, tanto mais fundo se terá mergulhado donde a ascensão será mais penosa.